Fim do Mundo
29 de junho de 2023Conversando com umas amigas sobre os rumos de nossa sociedade atual a respeito da Educação de crianças, jovens e até mesmo adultos, a indignação foi a um grau máximo e inflamou não só as mentes das mulheres (em sua maioria) presentes como de alguns homens também, ainda que um pouco mais reticentes ou silenciosos (verdade seja dita, o silêncio não só é um discurso de aquiescência como pode ser uma outra forma de indignação, do tipo, “onde foi que chegamos com toda essa ideologia patriarcal…”)
Uma das mulheres presentes dizia: “Recordo certa cena, que vi flagrada por algum programa de TV, que mostrava uma velha mãe que, ao se deparar, numa rua escura, com o seu filho drogado, pelo qual vagueava a procurar, o encheu de tapas e pancadas.
Aquele homem fora tecido no seu útero com o propósito original de ser luz e iluminar o olhar dos desesperançados, a mãe o sabia. Ela viu nos olhos infantis do filho esta luz que lhe prometia que sua cria seguiria o caminho em direção ao vir a ser um grande homem que deixaria o mundo melhor por onde passasse. E, então, ela o defendeu batendo no filho adulto, profanador do templo do seu filho e estapeou o sequestrador que fez o filho tão sonhado ser um refém de assombrosas ilusões.
Tal surra teve força suficiente para que então um arrependimento acontecesse e houvesse uma retomada de caminhos ali mesmo naquele instante. O homem se dobrou e chorava envergonhado enquanto o Amor lhe batia. Quem denunciaria este ato extremado (talvez vindo do último fôlego de esperança) como sendo algum tipo de crime?
Se a conversão dos caminhos não se deu naquele momento, creio que a referida atitude materna daria em tempo hábil os seus frutos.”
Ficamos durante um momento em silêncio, pensando, sem saber exatamente o que acrescentar, mas é fato que a verdade do fato, do ato e da reflexão laçou-nos a todos de imediato, numa espécie de cumplicidade e responsabilidade sistêmica que afetou-nos sem nenhum pudor ou hesitação.
Como aceitar a atual ideologia minoritária conivente com o mal, com a destruições não apenas de valores morais ou éticos, mas todos sermos coniventes com a destruição do ser humano, enquanto ser mesmo? Estamos aceitando sermos rotulados de ideológicos ao defender o simplesmente correto de fato, quando o rótulo, a censura e a imposição vem de um arremedo de ideologia canhestra, tacanha indigna de ser chamada até de um retrocesso medieval, imposta por uma minoria cacarejante sustentada por uma mão sinistra que se diverte em ver o circo pegar fogo como um Nero enlouquecido que se diverte com o espetáculo da destruição de uma civilização a troco do nada, do vazio, das cinzas…
Dizer que vivemos séculos em imenso obscurantismo em nome de um deus fabricado num gabinete medonho onde participavam interesses políticos, econômicos e outros malignos, que queimaram livros, códices, apagaram memórias ancestrais, manipulando registros históricos para reinventar até mesmo a criação do “mundo” e hoje, com toda a informação e tecnologia, saberes e desenvolvimentos a duras penas, decidimos fazer o mesmo, reinventando a roda da identidade humana biológica, além de outras insanidades, esvaziando conteúdos fundamentais e estruturantes para nada colocar no lugar. Estamos criando um imenso parque de diversões que mais parece um circo dos horrores com aberrações de todo tipo. E viajamos em vertiginosas montanhas russas e adentramos trens fantasmas que nunca cessam de percorrer os meandros mais sombrios.
Também incendiamos museus e arquivos para recontar histórias ao novo bel prazer e mais uma vez inaugurar o obscurantismo agora tecnológico, ignorando até mesmo o olho mágico a laser que vagueia pelo universo e que nos diz outra coisa sobre nós!
Não sabemos nada ainda: nem de nós, nem do mundo nem do universo. Implodimos todas as certezas junto com a bomba atômica e literalmente estamos jogando a todos nós numa nave medonha de realidades virtuais, conscientemente ignorando a realidade mais simples e banal dada aos nossos cinco sentidos.
Não podemos afirmar, não podemos ensinar, não podemos educar e o mundo às avessas se torna a referência dessa humanidade zumbi, há tempos morta! Restam as flores, as pedras, os pássaros e toda a natureza que não moverá uma palha em sua essência quando a humanidade burra e tolamente, por nada, se extinguir.