
Difícil acreditar, mas estamos em meio uma enorme crise. Para nós brasileiros que sempre vivemos com uma ideia paradisíaca de que nada acontece deste lado de cá – sul/ocidental, fomos pegos de surpresa. E realmente ela está se alastrando e colhendo frutos, péssimos frutos!
Não adianta negar: se a criança chora de fome, é um fato. Colocar música de fundo, filmar, fingir que não escuta, não resolve. E ainda piora. Nos colocaram/colocamos em crise, sim!
Entretanto, esta crise é mais política do que financeira, mas o financeiro vai a reboque. Banqueiros e investidores têm a sua escolha e quando esta não é satisfeita, eles mostram quem tem o verdadeiro poder! Podemos enumerar a hierarquia de poderes atualmente assim: financeiro (capital), mídia, política.
Especificamente, no Brasil, a crise é moral, pois somos um povo sem Ética, infelizmente, mal de origem não curado ainda! E isso não se dá só no primeiro escalão da sociedade – os políticos são reflexo do povo. Se observarmos bem, toda a sociedade se vale do “jeitinho brasileiro” que é o de não seguir as regras, de não cumprir horários ou demandas, de “empurrar com a barriga”, de comprar o diploma seja à vista ou a prazo, de dar pequenos golpes, de enganar no troco, de roubar o colega pois ele não está vendo, de não trabalhar o mês inteiro e receber o salário e ainda reclamar que é pouco, o atual CTRL+C/CTRL+V nos trabalhos de TCC, monografias, relatórios, o uso de ghost writers para obter diplomas e méritos e por aí vai. Eu poderia enumerar pelo menos 100 modos brasileiros de levar a vida sem ética que são considerados monumentos nacionais e que na verdade revelam nossos defeitos de caráter.
Genericamente, a crise também é reflexo de um velho conflito – capitalismo X socialismo. Sim porque essa crise vem circulando pelo mundo como um grande dragão-serpente, provocando caos por onde passa. Chamam esse dragão de bolha! E desde 1929 ele circula pelos países com seu hálito funesto, fazendo desaparecer milhões e milhões em moeda (provavelmente queima com seu bafo ígneo!). O sistema socialista é um ideal na cabeça de poucos intelectuais e alguns políticos que visam enriquecer administrando problemas. Nasceu bem intencionado, mas na prática, todas as más intenções subiram do pântano profundo e se espalharam pela superfície. Em nenhum lugar, sua versão mais extremada (comunismo) ou sua versão mais suave (socialismo liberal) tem dado resultados satisfatórios sem atraírem o tal dragão crise!
Grosso modo, sou daquelas pessoas que pensam que para cada problema há solução e não administração. Temos que administrar bens e não “crises”. Passamos por propostas socialistas/comunistas seja em sistemas democráticos, imperialistas, monárquicos, republicanos ou ditatoriais e o que vemos é um maior empobrecimento coletivo e um enriquecimento de minorias que através de seus tentáculos micro-físicos, administram pobrezas e misérias. Nem podemos mais considerar o discurso como sendo bonito ou ético, pois lendo nas entrelinhas, percebe-se às más intenções – restrições, nivelamentos por baixo, sub julgamentos, reduções, descréditos, falta de criatividade para criar e ampliar soluções, etc.
Não precisamos ir longe, pois a terra hoje é uma casa relativamente pequena e podemos observar onde sistemas socialistas ou comunistas foram e são aplicados. Os mesmos problemas estão presentes e pior – o ser humano, no sentido da expressão humanista está limitado! Pelo contrário, hoje conseguimos saber sobre sistemas de governo e sociedade que “dão certo”. Vide os países escandinavos, a Suíça entre os principais expostos em livros e mídia, que mostram a simplicidade da administração democrática calcada em solução real dos problemas e além – na prevenção deles.
O dinheiro em si é um veiculo, veículo que promove todas as possibilidades. Negar a importância desse veículo e qualificá-lo negativamente é tolice, ingenuidade, saudosismo, reacionarismo. Sempre será necessário uma meio/moeda neutra para facilitar as trocas! E essa crença está por trás das ideologias socialistas comunistas, apoiadas por algum discurso religioso também.
É certo que no nosso país, eminentemente católico ou cristão (pois hoje a versão evangélica cresce junto ao crescimento demográfico!) tende a uma ideologia mais socialista, atualmente na sua versão trabalhista. Mas os problemas internos são os mesmo do Brasil colônia – corrupção, falta de ética, enriquecimento ilícito, alianças contraditórias, desvio de verba pública, etc. Verdadeira devassa!
Logo, a crise política e ética permanecerá ainda por muito tempo, pois depende de educação, conhecimento, crescimento e amadurecimento coletivo.Ela é filha do socialismo da ignorância instituído há meio século na ditadura militar e piorado na sua versão dos último 20 anos.
Mas a financeira passará, pois o dragão circula e a moeda engolida por ele, retorna às mãos da sociedade e volta a circular.Com certeza, o dinheiro não sumiu. Mas o povo acredita nisso ou é levado a acreditar, e guarda o seu (o pouco que tem) em bancos, ações, poupança, cofrinhos, evitando todo e qualquer gasto de consumo considerado supérfluo. Isso realmente provoca/estimula/mantém a crise, pois sem a circulação da moeda, tudo para. E, aos anti-consumistas de plantão eu digo: não são só os bens tangíveis que se cobiçam hoje; há os intangíveis que permitem a expansão e crescimento real de uma sociedade. Fazer um discurso contrário a isso, apregoando que a felicidade não deseja e não cobiça é dizer que podemos ficar onde estamos que está ótimo, como se não houvesse tanto a crescer, tanto a expandir, tanto a fazer, a resolver e criar.
Porém, como todo esse consumo intangível – livros, cursos, conhecimento, cultura – não são os imediatos referentes à existência em si, são cortados de pronto e o consumo fica reduzido ao mínimo – no nível da sobrevivência. Até mesmo a qualidade dos produtos é deixada de lado, pois passa-se a consumir “os mais baratos” em detrimento do cuidado da qualidade das boas marcas.
Enfim, estamos em crise – criada sim, a financeira. Mas a política e ética é real. E essa não passará junto com o dragão. Precisará de anos de investimento pesado em educação real, pois uma mudança hoje nesse sistema, levaria pelo menos 2 décadas para surtir o efeito desejado.